quinta-feira, 31 de março de 2011
Livro das Alegrias
As palavras são o sol e as sementes deste frio Inverno
procuro a alma dos lugares no ritmo dos poemas
procuro um tempo de frutos maduros
de paixão pelas estrelas mais brilhantes
de quadros pintados à beira dos dias
há um sol entre a memória dos livros
uma luz que separa o trigo feliz do joio triste
e só do primeiro faz o pão.
terça-feira, 29 de março de 2011
Livro das Alegrias
Tudo tem o seu tempo, o vermelho dos medronhos
a força das heras, o pulsar dos vocábulos
o audaz impulso do pulso, a promessa inesperada
de um beijo, o sono das nascentes
o destino dos versos que transpõe o silêncio
tudo tem a sua alma no rumor da tarde
tudo tem a sua descoberta no estremecimento do olhar.
sábado, 26 de março de 2011
Livro das Alegrias
A aproximação às palavras sem idade
a saudade que os poetas escutam
o fogo perfeito das asas, a verdade do amor
sem esquecer a voz dos sonhos
tudo renasce no tear da escrita.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Livro das Alegrias
O coração pode ter palavras interiores como os jardins
brincar com as sílabas da água como as fontes
ou ter a temperatura do desejo de cada estação
o coração tem o ritmo das roseiras bravas
o aroma das amoras silvestres
a saudade branca das aves
um coração precisa de sol.
terça-feira, 22 de março de 2011
Livro das Alegrias
Escrever para ouvir o teu nome
para colher a brancura e o brilho do poema
escrever para transportar para a página
o teu acordar em cada manhã
escrever para habitar o amor.
domingo, 20 de março de 2011
Viva a poesia!
São as árvores que constroem
a claridade das sílabas.
Que desenham círculos
ao sabor da terra
e semeiam estrelas
no sono dos pássaros.
São as árvores que acariciam
o musgo e inventam a caligrafia
dos sonhos.
São as árvores que respiram
o verde das palavras .
sábado, 19 de março de 2011
Livro das Alegrias
Acredito nas raízes das palavras atadas ao olhar
no silêncio feliz das coisas simples
pássaros, árvores, casas caiadas de branco
caminho por campos de estrelas
lugares peregrinos entre as rochas
encontro o renascer da infância no cantar dos galos
a saudade é uma palavra onde cabe o tempo.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Livro das Alegrias
Sem saberes que o poema é um pedaço de terra
rodeado de mar, entraste nessa ilha
com o teu sereno amor
espreitaste as palavras que sonhavam entre linhas
agarraste com a mão direita a palavra nuvem
com a esquerda a palavra estrela
e correram as três pelos céus até ao anoitecer
aí, colocaste a nuvem debaixo do braço
em jeito de almofada, e adormeceste no poema
sob o brilho prateado da estrela.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Livro das Alegrias
O sol aquece a memória do teu rosto
soletro no fim da tarde um fio de voz alegre e doce
breves nuvens iluminadas
as palavras com que construo o poema
esconde-se o sol entre as ramagens dos versos
olho o interior do viver, escrevo as estrela do teu olhar
no livro das alegrias.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Livro das Alegrias
Sei que a poesia se renova na proximidade das marés
na intimidade que existe entre o rio
e o teu secreto olhar
ou quem sabe se renove na calmaria
das tuas mãos, na ondulação dos teus misteriosos lábios
no vento que flutua pelo teu rosto de maresia
pelos teus longos cabelos molhados
pelas notas de uma canção que fala da saudade do mar.
terça-feira, 15 de março de 2011
Livro das Alegrias
Entre um poema e outro poema
flutuam as palavras que fazem a poesia ser poesia
às vezes descontínuas, às vezes únicas ,às vezes luminosas
entre um poema e outro poema
a harmonia da atmosfera que respiram
o pulsar azul da breve intimidade.
domingo, 13 de março de 2011
Livro das Alegrias
A memória é um traço de giz, na primitiva paz
de um meio dia alteado de sol, desço as escadas do coração
até à raiz da página, ajoelho-me no silêncio do amor
risco na folha da vida mais um traço de giz.
sábado, 12 de março de 2011
O Sal das Sílabas
IV
Pescadores, são enfim um lugar perto do mar
mãos e rosto a sonhar azul,
são salgadas as mãos que seguram a esperança das redes,
são enfim asas na distância do olhar
ondas, aves, astros, navios na madrugada
velas erguidas nos mastros,
Nossa Senhora, estrela do mar,
são enfim o segredo da tarde,
saudades, poentes e luar,
monumento que se ergue
num lugar perto do mar.
sexta-feira, 11 de março de 2011
O Sal das Sílabas
III
O rio tem ainda o respirar das sombras da noite.
Cada olhar é uma asa debruçada sobre a alma,
um céu lavrado em sulcos de infinito
e tu, silêncio habitado pela aura das mãos,
já navegas o tempo entre o sono das águas,
um bote salgado cantando o seu nome
com letras desenhadas ao sabor do rio:
“Amor à Vida” – grita o Zé pescador
com os braços estendidos em forma de remos.
com os braços estendidos em forma de remos.
quinta-feira, 10 de março de 2011
O Sal das Sílabas
II
Homem do mar de Setúbal,
ficas parado no olhar do rio...
nesse silêncio azul habitado por dentro,
nessa saudade salgada de memórias vivas.
Observas o sal (líquido) das sílabas,
o decifrar dos ventos no voo das gaivotas,
escutas o grito branco das ânforas,
a alma azul do pensamento
adormecida no coração das águas.
Homem do mar de Setúbal,
herói tantas vezes ignorado
que trazes um verso de sal entre as tuas mãos,
um rosto marcado pelo rumor das ondas,
uma palavra liberta no aceso navegar do mundo.
O teu silêncio é o olhar que vê
a raiz (inatingível) das marés vazias,
o coração oceânico do leito do rio
abandonado ao aroma das algas.
escutas o grito branco das ânforas,
a alma azul do pensamento
adormecida no coração das águas.
Homem do mar de Setúbal,
herói tantas vezes ignorado
que trazes um verso de sal entre as tuas mãos,
um rosto marcado pelo rumor das ondas,
uma palavra liberta no aceso navegar do mundo.
O teu silêncio é o olhar que vê
a raiz (inatingível) das marés vazias,
o coração oceânico do leito do rio
abandonado ao aroma das algas.
Homem do mar de Setúbal,
o teu destino irrompe desse azul interior
com palavras de vida,
amas e sonhas ao ritmo incandescente
da (imprevisível) luz.
quarta-feira, 9 de março de 2011
O Sal das Sílabas
I
Vem ver o mar, conhecer o sabor do sal,
embalar nas ondas a felicidade branca das crianças,
cantar o amor que cresce da luz.
Vem ver o mar, a saudade é a memória dos ventosVem ver o mar, conhecer o sabor do sal,
embalar nas ondas a felicidade branca das crianças,
cantar o amor que cresce da luz.
a lembrança de um sorriso, de um olhar.
Vem ver o mar, há um tempo de partir,
há um tempo de chegar.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Nas Margens do Azul
A noite
alastra
no branco
das
ondas
Círculos
de lua
acendem
a paz
das águas
Tecida
no sono
anil
das estrelas
uma harpa
tange
São
minhas mãos
esquecidas
nos teus
cabelos .
terça-feira, 1 de março de 2011
Nas Margens do Azul
Hoje
esperei
o regresso
dos teus
olhos
junto
ao mar
Da tua
boca
à tona
do meu
peito
Do teu
corpo
branco
de vaga
indomável .
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