sexta-feira, 29 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Quando olho o horizonte
(tranquilo traço inclinado no silêncio)
a alma recrudesce na paz de uma linha
com que entreteço o poema
o dia prolonga-se entre o silêncio do teu olhar
e a verdade da tua boca, escrevo o teu nome
no livro das alegrias.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Ergue-se da sombra a memória da luz
verbo a verbo, verso a verso, habito o silêncio
sou um aprendiz do assombro e do estremecimento
verbo a verbo, verso a verso, habito a casa
sou um aprendiz da esperança branca das ondas.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Cada olhar é uma asa debruçada sobre o rio
um céu lavrado em sulcos de infinito
cada olhar é um sonho murmurado no vento
cada olhar é um rosto
espero o teu rosto, na sombra das aves.
sábado, 23 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Gosto da palavra habitar, com ela habito a casa
onde cada palavra é uma janela aberta
gosto da palavra terra, nela construo versos
pontes que encurtam as distâncias que nos separam
gosto da palavra poesia, essa casa habitada de palavras
onde o poema renasce na ausência das tuas mãos.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Podias ser o mistério da minha sombra poente
um regato de esperança correndo entre os arrozais
podias ser o íntimo voo das andorinhas
um amor de sementes germinadas
a alegre chilreada dos pardais
podias ser o respirar feliz da Primavera
o perfume fresco das tílias, o sonho lançado
nas mãos do vento, a leveza da flor das buganvílias
podias ser o rosto iluminado da lua
o coro ininterrupto das cigarras
a distância silente da estrela nua.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Estou a coleccionar palavras, escolho as mais cintilantes
as que gritam as marés no rebentamento da escrita
e navegam apaixonadamente nas ondas da poesia
as que respiram sol e rasgam a página
as que fazem ninho entre as minhas mãos de folhagem
aquelas que celebram o instante
em que o vento descobre destinos habitáveis
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Livro das Alegrias
No primeiro verso liberto o pólen das sílabas
a alquimia entre a terra e a respiração dos versos
depois, teço as artérias do poema
escuto o enlaçar da escrita
traço o mapa dos lugares desse pequeno universo
por fim, prolongo a paixão do verbo
essa feliz expansão que me move no vagar
do tempo humilde da vida.
domingo, 3 de abril de 2011
Livro das Alegrias
Branda e secreta luz, as mãos ocultas
na raiz da escrita, a ciência dos lugares
é cada tronco, cada folha, cada esboço
de verde embalado pelo vento
as águas rumorejam entre os seixos
correm para a casa do lago
escutamos a sua nostalgia transparente
a memória fértil da paisagem
escrevo dentro da cor dos caminhos
as íntimas sílabas da evidência do amor.
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